História de Nossa Senhora do Rosário como padroeira de Riograndina

Riograndina, distrito de Nova Friburgo. Lugar favorito de parada do Conde de Nova Friburgo, quando se dirigia as suas inúmeras fazendas de café no município de Cantagalo. Nesta ocasião, este distrito era apenas um arraial cercado de fazendas banhadas pelo rio Grande. A localidade se destacava pela significativa produção agrícola. Em razão disto torna-se distrito em 25 de janeiro de 1924, com terras desmembradas da sede do município sob a denominação de Estação do Rio Grande, em alusão a estação ferroviária.

No ano de 1943, por razões que desconhecemos resolveu-se mudar o nome do distrito Estação do Rio Grande. O então prefeito Dante Laginestra realizou uma reunião com os moradores da localidade. Foram sugeridos nomes como “Rio de Baixo” e “Bica do Conde”. O nobre a que se referem é Bernardo Clemente Pinto Sobrinho, conde de Nova Friburgo, que parecia gozar da gratidão da comunidade. Bernardo Sobrinho nasceu em 11 de novembro de 1835, em Cantagalo. Era filho de Antônio Clemente Pinto, barão de Nova Friburgo e de Laura Clementina da Silva Pinto. Casou-se com Ambrosina Leitão da Cunha Campbell com quem teve seis filhos.

Tudo indica que fazia paradas no local que viria a ser Riograndina, para se refrescar tomando água de uma bica. Porém ambas as sugestões não foram aceitas por já haver localidades no país com os nomes recomendados. O prefeito fez então consulta aos professores para apresentarem novas indicações e foi escolhido Riograndina, sugestão do professor José Cortes Coutinho. A denominação foi aceita pelo Conselho Regional de Geografia do Estado do Rio de Janeiro.

O conde possivelmente foi o responsável por três fotos de Riograndina feitas pelo fotógrafo Albert Henschel, que acompanhava o Imperador D. Pedro II na inauguração do trecho ferroviário Cachoeiras de Macacu-Nova Friburgo, em 18 de dezembro de 1873. O Imperador veio a convite do conde, proprietário da Estrada de Ferro de Cantagalo. Mas o grande benefício trazido pelo conde ao arraial foi uma estação de trem para escoar os produtos da lavoura das propriedades rurais. A Estação do Rio Grande foi inaugurada em 1° de maio de 1876, não obstante na foto de Henschel estar praticamente pronta três anos antes, inclusive com a ponte de ferro.

Exatamente no ano em que atravessava dificuldade financeira com a venda de suas mais importantes propriedades, o conde doou um terreno numa colina do arraial para a edificação de uma capela. A doação foi feita inicialmente a João Antônio Teixeira, por escritura particular lavrada em 26 de abril 1891, para que ele se encarregasse da construção do templo. Autorizado pelo Bispo Diocesano D. Francisco do Rego Maia, a pedra fundamental da capela foi benzida pelo vigário local em 18 de outubro de 1896. João Antônio Teixeira temendo um problema sucessório no caso de seu falecimento, transferiu em 1906 para a Mitra do Bispado de Petrópolis (nesta época era a Diocese), a doação do terreno. A sua arquitetura originalmente em estilo colonial teve alterações ao longo dos anos.

Por falta de recursos foi demorada a construção do templo sendo concluído somente em 28 de julho de 1911 e provisionado pelo Bispo de Niterói D. Agostinho Francisco Bennassi. A capela foi inaugurada e benzida em 06 de agosto daquele ano sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário. Trata-se de um título atribuído a Nossa Senhora, quando apareceu diante do frei São Domingos de Gusmão no mosteiro de Prouille, na França, no século 13, entregando-lhe um rosário.  O conde faleceu em 6 de agosto de 1914, aos 78 anos de idade tendo presenciado a edificação da capela.

Como os padres Jesuítas do colégio Anchieta costumavam celebrar missas, ensinar o catecismo, fazer retiros, dar extrema-unção etc. em inúmeras capelas da cidade, tudo indica que atendiam também a capela de Nossa Senhora do Rosário. Cumpre destacar que Riograndina possui ainda a capela de Santo Antão, pai dos monges e dos mosteiros, que fica na localidade de Varginha de Riograndina, divisa com Bom Jardim e Duas Barras. De acordo com a memória local, um indivíduo natural de Minas Gerais trouxe para o arraial a devoção a este santo, considerado protetor da lavoura e dos animais.

A Paróquia Nossa Senhora do Rosário foi fundada em 16 de janeiro de 2002 estando atualmente sob a direção do padre diocesano Roberto José Pinto. O distrito de Riograndina celebra a festa da padroeira no período de 04 a 08 de outubro com missas, procissão e na parte de recreação a comunidade arma barraquinhas para a venda de alimentos e bebidas. Não falta na programação a diversão musical com músicos da cidade.