Documentário mostra agricultura familiar na histórica Fazenda Rio Grande
O Secretário de Agricultura, Adelson Rapozo, é produtor rural em Campo do Coelho.Na semana passada visitei as comunidades de Serra Velha e Serra Nova no distrito agrícola do Campo do Coelho, acompanhada do Secretário de Agricultura Adelson Rapozo e seu assessor Moaci Bernardes. O objetivo é produzir um documentário sobre um caso de sucesso de reforma agrária nesta região para a TV Zoom. Serra Velha e Serra Nova fazem parte da Fazenda Rio Grande, propriedade rural do século 18, o mais antigo patrimônio histórico de Nova Friburgo (RJ).
No passado os agricultores deste distrito, conhecido como Terras Frias, plantavam muita batata inglesa assim como mandioca, cana, milho e feijão. Por ser este distrito o ponto mais alto de Nova Friburgo, com 910m de altitude, os proprietários de terras desta região ficaram à margem da economia cafeeira. Não se planta café em áreas acima de 600m do nível do mar, as denominadas terras frias. Sua atividade econômica provinha também da criação e comercialização de mulas com tropeiros.
Na Fazenda Rio Grande havia duas extensões de terras denominadas de Serra Velha, a aproximadamente 1.300m de altitude com 261 hectares e Serra Nova, com 220 hectares, com variadas lavouras cultivadas por meeiros. A vista do vale é belíssima. Hélio Mendes da Cunha, proprietário da fazenda colocou à venda as terras onde estavam instalados estes meeiros, mas não houve quem se interessasse na compra. Cunha propôs então vender as glebas de Serra Nova e Serra Velha aos próprios meeiros, com a interveniência do Fundo de Terras e da Reforma Agrária – Banco da Terra -, que tinha um programa de linha de crédito fundiário.
Para adquirirem a propriedade, os meeiros criaram duas associações: A Associação Serra Velha, com 26 famílias, sob a presidência de Josias de Souza Raposo e a Associação Serra Nova, com 22 famílias, sob a presidência de Hélio Muniz Cardoso. No contrato com o Banco da Terra, a aquisição condicionava os meeiros de residirem na gleba, darem uma atividade produtiva à sua fração explorando-a economicamente, obedecerem a legislação ambiental e não poderem vender, gravar, ceder ou transferir a terceiros. O fracionamento da propriedade se fez respeitando a ocupação das glebas pelos meeiros. Estes produtores rurais, nos últimos 20 anos quitaram a dívida com o banco, auxiliando-se mutuamente quando houve dificuldade no pagamento de alguma parcela por algum agricultor.
As propriedades agrícolas do Campo do Coelho têm em média entre 2 e 4 hectares e produzem olerícolas como couve-flor, repolho, pimentão, abobrinha, cebolinha, alecrim, brócolis, jiló, alfaces lisa, crespa e americana, salsa, morango, entre outras. As formas de cultivo são de culturas rápidas que dão colheitas duas a três vezes ao ano. Segundo o Secretário de Agricultura Adelson Rapozo, Campo do Coelho produz uma variedade de quase 150 itens entre hortaliças e legumes, considerando a sazonalidade do cultivo. Ainda segundo ele, Nova Friburgo é o maior produtor de couve-flor da América Latina, e sua família é um dos plantadores deste legume. Neste documentário pretendo destacar a importância da agricultura familiar e do associativismo, que viabilizou a compra da terra pelos meeiros, evitando o êxodo rural.
