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Distrito centenário de Nova Friburgo: Riograndina celebra 100 anos

O distrito de Riograndina comemora o seu centenário. Situado no vale do Rio Grande foi a primeira região do município a se desmembrar em 25 de janeiro de 1924 e ganhar o predicado de segundo distrito de Nova Friburgo, com a denominação de Estação do Rio Grande. Porém, no ano de 1943 o prefeito Dante Laginestra, em comum acordo com os moradores do distrito, alterou o nome de Estação do Rio Grande para Riograndina, numa referência ao Rio Grande, o mais importante do município e que passa pelas suas terras. O distrito tem devoção a Nossa Senhora do Rosário que ganhou uma belíssima capela no outeiro. No entanto, ao longo do tempo sofreu intervenções arquitetônicas no projeto inicial.

Padres jesuítas na capela N. S. do Rosário. Acervo Colégio Anchieta
Padres jesuítas na capela N. S. do Rosário. Acervo Colégio Anchieta
O padre Roberto Jose Pinto e o atual paroco da igreja N.S. do Rosario. Acervo pessoal scaled
O padre Roberto José Pinto é o atual pároco da igreja N.S. do Rosário. Acervo pessoal

Os sítios banhados pelo Rio Grande fizeram da região um importante produtor de legumes como chuchu, vagem, repolho; frutas como lima, laranja, figo, pêssego e também flores de corte. A produção agrícola era tão expressiva que mereceu uma estação de trem, a Estação do Rio Grande estabelecida em 1° de maio de 1876, apenas três anos depois que a linha férrea foi inaugurada em Nova Friburgo. De Riograndina o trem passava por Banquete, Bom Jardim, Monnerat, Cordeiro, Cantagalo, Euclidelândia, Boa Sorte, Laranjais, Batatal, Itaocara, Macuco e Portela. No retorno, os vagões da locomotiva eram abastecidos com produtos da lavoura de Riograndina que seguiam até a estação de Maruí, em Niterói e embarcados para o Rio de Janeiro.

Estacao de trem inaugurada em 1° de maio de 1876. Acervo pessoal scaled
Estação de trem inaugurada em 1° de maio de 1876. Acervo pessoal

A inauguração da estação no centro da cidade ocorreu em 18 de dezembro de 1873, evento prestigiado pelo Imperador D. Pedro II, que veio a convite do Conde de Nova Friburgo, proprietário da linha férrea. Acompanhava o Imperador o fotógrafo Albert Henschel que fez 3 fotos de Riograndina. Isto demonstra a importância deste distrito agrícola na economia do município. As outras localidades de Nova Friburgo fotografadas por Henschel tiveram somente um único registro.

Riograndina em 1873 sob as lentes do fotografo do imperador Pedro II. Acervo BN
Riograndina em 1873 sob as lentes do fotógrafo do imperador Pedro II. Acervo BN

Riograndina tem um morador que permanece na memória coletiva de seus habitantes. Trata-se do lavrador José Gomes da Cunha (1920-2003), mais conhecido como Zé da Malha. Nascido em Sumidouro, mudou-se para Riograndina tornando-se muito querido pela comunidade. O apelido vem do fato de José Gomes ter introduzido e promovido o jogo de malha na localidade. O primeiro clube de malha surgiu em Nova Friburgo no ano de 1940. Havia os clubes de malha de Conselheiro, Friburgo, Paissandu, Rendas, Olaria, Ypu, Catarcione, Floriano Peixoto (Perissê) e Amparo. No entanto, Zé da Malha se notabilizou mesmo com o gracioso artesanato que confeccionava. Habituado a pegar madeira no mato e fazer tamancos distribuindo-os aos que não tinham calçado, empregou sua habilidade confeccionando peças para presépio e bonecos de madeira, entre outros artefatos. Seus bonecos representam cenas do cotidiano do trabalho e realizam movimentos.

Ze da Malha de chapeu numa exposicao na praca Getulio Vargas. Acervo da familia scaled
Zé da Malha, de chapéu, numa exposição na praça Getúlio Vargas. Acervo da família
Pecas de presepio e bonecos confeccionados por Ze da Malha. Acervo da familia
Peças de presépio e bonecos confeccionados por Zé da Malha. Acervo da família

A celebração do centenário terá início com uma missa em Ação de Graças no dia 25 de janeiro, às 19:30h, celebrada pelo padre Roberto José Pinto, na igreja N.S. do Rosário. A Secretaria de Cultura programou alguns eventos no final de semana que ocorrerão na praça local. Os moradores de Riograndina são orgulhosos em possuir a única estação de trem do século 19, inclusive com a ponte de ferro preservada. Em razão deste precioso patrimônio histórico o Clube do Trem vai expor fotos sobre o período do trem na região na antiga estação, hoje Ponto de Cultura, com lançamento no dia 27, às 14h, nos informa o presidente Renato Henrique Gomes da Silva. Vale a pena conferir a exposição e visitar este simpático distrito de Nova Friburgo (RJ).

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