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Exercícios militares no Colégio Anchieta: os jovens reservistas da nação

No artigo de hoje vou abordar uma passagem do recrutamento militar na Primeira República, considerando uma descoberta que fiz quando pesquisava o periódico “Aurora Colegial” produzido pelos alunos do colégio Anchieta de Nova Friburgo, nas primeiras décadas do século 20. O colégio Anchieta pertence à Companhia de Jesus, ordem religiosa da Igreja Católica fundada na Europa no século 16, por Inácio de Loyola. Nascido na Espanha em 1491, de família fidalga, Loyola seguia a carreira militar quando converteu-se à vida monástica após ter sido ferido em um cerco das tropas francesas. Na colonização do Brasil, a Coroa portuguesa contou com a colaboração dos jesuítas para converter os indígenas na fé católica. Os jesuítas se instalaram na Colônia em 1549, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega se dedicando, além da catequização, à instrução dos filhos das elites locais.

O método educacional dos jesuítas tinha como princípios fundamentais a busca da perfeição humana por meio da palavra de Deus, a disciplina rígida, a hierarquia baseada na estrutura militar e por isto eram conhecidos como soldados de Cristo. Edificaram colégios expandindo a sua pedagogia através do teatro, da música e da dança. A Companhia de Jesus não foi a única ordem religiosa que atuou na Colônia, mas foi a primeira a se instalar e a que mais se destacou. Os membros das demais ordens como os franciscanos e beneditinos iniciaram seu trabalho por volta de 1580, e não tinham na função educadora sua principal atividade.

O colégio Anchieta se estabeleceu em Nova Friburgo em 12 de abril de 1886, ocupando a antiga casa-sede da Fazenda do Morro Queimado. Havia uma demanda entre as elites locais por um ensino de qualidade dando continuidade ao trabalho realizado pelo inglês John Henry Freese, no Instituto Colegial Freese e pelo Barão de Tauthpheus no colégio São Vicente de Paulo, já que ambos haviam encerrado suas atividades na vila de Nova Friburgo. Os jesuítas substituíram a casa-sede da fazenda por um belíssimo complexo de prédios em estilo neoclássico, um dos mais importantes patrimônio histórico de Nova Friburgo. Me parece ter sido uma prática dos colégios da elite ministrar, além dos exercícios e jogos atléticos, aulas de exercícios militares e esgrima. O Instituto Colegial Freese oferecia aos alunos além destas classes, o jogo de espada e os instrutores eram geralmente militares. O oficial de artilharia alemã Von Lachmund foi contratado pelo Prof. Freese para ensinar língua alemã, engenharia, matemática, esgrima, jogo de espada e outros exercícios militares e ginásticos.

O Anchieta oferecia as mesmas disciplinas do Instituto Colegial Freese. Quando em 1906, Dom Joaquim Arcoverde visitou Nova Friburgo assistiu aos manejos militares, jogos ginásticos e assaltos de armas de sabre e florete praticados pelos alunos. O que me surpreendeu na pesquisa no periódico Aurora Colegial foi que a instrução militar se tornou disciplina obrigatória nas escolas secundárias por exigência do governo republicano. Como os jesuítas já possuíam classes de exercícios militares na formação de seu alunos, esta exigência se tornou fácil de ser executada, com a diferença de que seria ministrada obrigatoriamente por um militar indicado pelo governo.

Exercícios e jogos atléticos, 1921. Acervo colégio Anchieta
Exercícios e jogos atléticos, 1921. Acervo colégio Anchieta

No periódico Aurora Colegial me deparei com o intrigante artigo “Instrução Militar”, no ano de 1908. Nele o Ministro da Justiça Augusto Tavares de Lyra baixara disposições para a execução do novo regulamento militar a serem observadas não só nas escolas superiores e nos estabelecimentos de ensino secundário mantidos pela União, Estados, municípios e distrito federal, mas também nos institutos particulares. Logo a minha surpresa foi a exigência da instrução do “tiro de guerra” e “evoluções militares” de alunos maiores de 16 anos, no próprio estabelecimento de ensino. A instrução compreendia, entre outras medidas, o emprego do fuzil mauser no qual deveriam aprender o funcionamento geral do mecanismo; regras de pontaria e posições do atirador; tiro ao alvo nas linhas de tiro com cartucho de guerra; iniciação nos exercícios de pontarias por detrás dos muros, árvores ou quaisquer outros abrigos e contra alvos móveis em combinação com as instruções sobre a apreciação de distâncias e emprego de alça. No que concerne às evoluções militares aprenderiam instrução individual com arma e sem arma; instrução de combate da esquadra e de pelotão em ordem unida e dispersa. Por fim, além do emprego do fuzil e evoluções militares deveriam ser treinados em esgrima de baioneta.

Esgrima de baioneta na Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará, 1917. Acervo Marinha
Esgrima de baioneta na Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará, 1917. Acervo Marinha

O diretor do instituto de ensino deveria requisitar do inspetor permanente da região a designação de um instrutor declarando o número de alunos maiores de 16 anos em seu estabelecimento. Competia ao instrutor dar instrução militar nos dias e horas designados no programa do instituto de ensino; seguir uma progressão racional e metódica nos exercícios das diversas categorias de alunos que frequentarem as aulas de tiro e evoluções que, a seu critério, melhor conviesse para o êxito final do conjunto; encarregar-se da linha de tiro existente na localidade, quando ela não tenha encarregado próprio; registrar depois de cada exercício em um livro rubricado pelo diretor do estabelecimento de instrução as ocorrências havidas e os nomes dos alunos que faltarem; requisitar do comandante da força do Exército ativo na localidade ou na mais próxima, o armamento e a munição necessárias para os exercícios de tiro; requisitar do inspetor permanente um aspirante a oficial para auxiliá-lo quando o número de alunos obrigados ao ensino militar for superior a 30; comunicar ao registro militar da região de alistamento os nomes dos alunos que concluíram os cursos e receberam as cadernetas declarando em relação a cada um o nome, filiação, ano de nascimento, naturalidade e município em que reside.

Os menores e médios apenas portavam armas de madeira. Acervo colégio Anchieta
Os menores e médios apenas portavam armas de madeira. Acervo colégio Anchieta

O armamento necessário era fornecido pelo Ministério da Guerra, por empréstimo ao estabelecimento de ensino, não sendo, porém, o número de fuzis superior ao suficiente para armar um pelotão. O aluno que recebesse instrução militar e tivesse frequentado, com aproveitamento, pelo menos 60 exercícios de evoluções militares e 24 de tiro ao alvo com cartucho de guerra receberia, quando concluísse o curso, a caderneta correspondente à sua classe. Como dito antes, a instrução militar consistia em dois exercícios, um de tiro de guerra e outro de evoluções e deveria ser ministrada sem prejuízo dos trabalhos escolares. Geralmente os exercícios militares eram praticados nas manhãs dos dias feriados.

O alunos distribuídos em divisões conforme a idade. Acervo colégio Anchieta
O alunos distribuídos em divisões conforme a idade. Acervo colégio Anchieta

O primeiro instrutor dos alunos do colégio Anchieta foi o tenente Celso Sarmento. O tenente ensinava instrução militar alemã com cadência de 114 por minuto e passo de 80 centímetros. Os primeiros exercícios “à alemã” foram verdadeiras provas de paciência para o tenente e os alunos a custo de grande distensão de nervos conseguiram ensaiar o tal passo. Havia aulas de manejo militar, tiro e assalto de armas. No dia 07 de setembro de 1910, o tenente Sarmento organizou um passeio militar de todo o colégio pelas ruas da cidade. Nas crônicas se percebe o orgulho dos alunos que escreveram “brilharem” nestas paradas. Causava deveras boa impressão os alunos fardados de branco marchando com galhardia ao som de peças musicais executadas pela banda de cornetas.

Formação de todo o colégio em batalhões. Acervo colégio Anchieta
Formação de todo o colégio em batalhões. Acervo colégio Anchieta

O colégio Anchieta dividia os seus alunos em três divisões, maiores, médios e pequenos. Ainda que a instrução militar fosse para os alunos a partir de 16 anos, as divisões dos médios e pequenos tinham exercícios militares como atividade física. Os recrutas formavam três companhias e como dito antes eram tão somente cooptados os alunos maiores, treinados de molde a ficarem como reservistas do Exército. Numa celebração da Independência desfilou pelas ruas da cidade, ladeada pelo capitão-ajudante de espada ao ombro, a 1° Companhia empunhando altivamente as legítimas mauser.

Tenente Brazil, oficial do Exército e instrutor do Anchieta. Acervo colégio Anchieta
Tenente Brazil, oficial do Exército e instrutor do Anchieta. Acervo colégio Anchieta

O sargentos(alunos) dos pelotões tremulavam bandeirolas e ao passar pela Praça 15 de Novembro(atual Getúlio Vargas) estacionaram ao lado das companhias do Tiro Friburguense e de Cordeiro. Além de marchas e exercícios os alunos apresentaram “assaltos” de esgrima. As sociedades musicais entoaram o hino nacional e a bandeira do Brasil recebeu continências e saudações de toda a multidão. Este desfile foi coordenado pelo instrutor tenente Aristides Paes de Souza Brazil, oficial do Exército, presidente do Tiro 24, professor de esgrima, desenho e pintura no Anchieta. Havia no colégio um salão especial para a prática de esgrima. No assalto de armas o tenente Brazil ministrava aulas epée de combate, florete e sabre contra florete.

Uniforme dos desfiles do Anchieta, 1917. Acervo colégio Anchieta
Uniforme dos desfiles do Anchieta, 1917. Acervo colégio Anchieta

Era dado aos recrutas as patentes de comandantes das companhias, capitão, tenentes, sargentos e porta-bandeira. Nas cerimônias internas do colégio no dia da Independência, os batalhões se apresentavam para as famílias dos alunos e convidados. Esclarecendo que as companhias eram dos recrutas e os batalhões compreendiam todos os alunos do colégio. Os menores tinham exercícios militares e não instrução como os maiores. Dado o toque de corneta marchavam com extraordinária presteza obedecendo as ordens do oficial militar, ora marchando em pelotões, ora em seções e sempre merecendo aplausos de todos os presentes. O patriotismo era muito estimulado na formação dos alunos. Neste dia um aluno orador falou da pátria e das obrigações dos cidadãos, da vantagem de um exército bem disciplinado e apela para os brios de seus valentes soldados. Várias manobras seguiram-se ao discurso com disciplina e obediência, mesmo por parte dos pequerruchos. Os alunos ao final deste evento festejaram tomando sangria.

A instrução militar era dada por oficiais do Exército. Acervo colégio Anchieta.
A instrução militar era dada por oficiais do Exército. Acervo colégio Anchieta.

Em 15 de agosto de 1909, ocorreu a solenidade de inauguração da Linha de Tiro do colégio Anchieta. O capitão do Tiro Federal, Francisco Várzea veio instruir os alunos na “arte militar” em razão da presença confirmada do Ministro da Guerra, que aceitou o convite do Padre Reitor Luiz Yábar para comparecer ao evento. Imagens do acervo do Anchieta mostram  esta solenidade. No dia da inauguração da Linha de Tiro, ao toque de reunir da vibrante corneta achavam-se todos os alunos no pátio, perfilados em companhias e ostentando as divisas que haviam recebido. Passada a revista foi dado o toque de colunas de esquadras para a direita e avançar para a esquerda. Rompeu a marcha e as companhias desfilaram uma após a outra marchando ritmadamente à cadência dos tambores e sons marciais.

Em 15 de agosto de 1909 foi inaugurada a Linha de Tiro do Anchieta. Acervo colégio Anchieta
Em 15 de agosto de 1909 foi inaugurada a Linha de Tiro do Anchieta. Acervo colégio Anchieta

Ao alunos fizeram algumas evoluções e ao toque de sentido interromperam a marcha pois se avistava a chegada do Ministro da Guerra. Toda a comitiva foi recebida pelos alunos corretamente perfilados, em hombro-armas. O ministro veio acompanhado do general Dantas Barreto e oficiais do Exército e da Armada(Marinha). Elysio de Araújo, presidente da Confederação do Tiro Brasileiro e comissões do Tiro Petropolitano, do Tiro do Leme, do Tiro Federal, do Tiro Friburguense e da União dos atiradores igualmente compareceram à cerimônia. Os integrantes do Tiro Friburguense participavam com frequência das cerimônias do colégio. Ao entrarem no pavilhão, a banda colegial tocou o hino nacional e a seguir foram todos saudados com calorosos vivas. Prestou-lhes continência a companhia de 60 alunos sob o comando do capitão, o aluno João Severiano da Fonseca Hermes Junior. Chegando ao pavilhão, o tenente-aluno Pedro Américo Werneck saudou o ministro com um discurso.

As companhias desfilaram em continência e voltearam o edifício do colégio aguardando junto ao stand a inauguração da Linha de Tiro. O Ministro da Guerra e demais oficiais se instalaram em um alpendre para melhor apreciarem os manejos. À direita do pátio estavam formadas as companhias de tiro. Foi feita a entrega ao Padre Reitor Luiz Yábar da carabina carregada para o tiro inaugural e este passou-a ao primeiro instrutor do colégio o tenente Sarmento, que em breves palavras declarou sentir-se honrado. Dado o primeiro tiro, o Ministro da Guerra declarou inaugurada a Linha de Tiro do Anchieta. Três alunos campeões de tiro também atiraram atingindo todos os alvos.

Alunos do colégio com uniforme diário. Acervo colégio Anchieta
Alunos do colégio com uniforme diário. Acervo colégio Anchieta

Seguiu-se um “assalto de esgrima” pelos alunos que arrancou prolongados aplausos. A seguir começaram os exercícios militares que consistiam na marcha em linha, em pelotões, em seções e manejos de armas. Os exercícios foram muito aplaudidos pela exatidão com que foram realizados. Quando terminaram, os alunos reuniram-se em frente ao alpendre gritando vivas ao Ministro da Guerra e às demais oficialidades. Ato contínuo as autoridades visitaram o colégio e foi servido um lunch em mesas ornadas com profusão de flores, finos doces, champanhe e vinho.

Alunos posam para foto no assalto de esgrima, 1919. Acervo colégio Anchieta
Alunos posam para foto no assalto de esgrima, 1919. Acervo colégio Anchieta

Seguiram-se saudações e brindes e o Padre Reitor Luiz Yábar agradeceu a presença do ministro, dos demais oficiais e das associações de tiro por terem prestigiado a solenidade.  Na saída da comitiva, enquanto desciam a ladeira do colégio, a banda de música do 3° Regimento e da Sociedade Musical Campesina Friburguense tocaram peças musicais. Um aluno escreveu, “Depois de reorganizado o nosso Batalhão Colegial, despertou entre nós uma animação crescente pelos exercícios de marcha e manejos de armas, entusiasmo este ainda aumentado pela bela expectativa de nos recrearmos muito em breve com os exercícios de tiro ao alvo, sendo já principiadas as lições preliminares para este fim.” (Aurora Colegial, 31/05/1917).

Após o período de instrução os alunos passavam por um exame realizado no próprio colégio e os aprovados recebiam a caderneta de reservistas do Exército Brasileiro. No dia do exame usando a farda branca iniciavam com a prova de tiro nas três posições, em pé, de joelhos e de bruços. Enquanto um aluno atirava, os oficiais militares examinadores perguntavam aos demais sobre a nomenclatura do fuzil mauser, emprego da alça para grandes distâncias e sobre a constituição da pólvora dos cartuchos. Acabado o exame de tiro ao alvo, o tenente Brazil formou os reservistas examinando-os nos movimentos de escola desarmada e inquirindo-os sobre questões teóricas.

Utilizando evidentemente armas de madeira nos exames, ocorria um simulacro de ataque a uma determinada posição. O tenente Brazil levou os alunos ao pátio e ordenou que todos se estendessem em linha de atiradores. Ficaram na posição “deitar corpos” e o tenente ordenou fogo à vontade. O “combate” foi renhido. Os “tiros” sucediam-se sem interrupção e sem interromper o “fogo”. A seguir os alunos avançaram por lances até tomarem de assalto uma cerca do pátio. Nesta simulação havia uma força inimiga que repelia o avanço e a retirada deveria ser feita sem perdas e na maior ordem. “Armamos, pois, baioneta e numa brilhantíssima carga desbaratamos por completo o adversário; basta dizer que eu modéstia parte consegui ferir gravemente uma taboa de cerca.” No Aurora Colegial as palavras “combate” e “tiros” foram colocadas entre aspas pelo narrador e depreende-se que era tudo simulação.

Para finalizar o exame cantavam o hino nacional para fechar com chave de ouro as provas a que foram submetidos. Depois de depostas as “armas” foram para o recreio ensaiar a canção da marcha. Escreveu um aluno, “acho-me com mais disposição nestes dias de guerra(…) para pegar num pente de cartuchos e numa carabina do que numa caneta.” Após aprovados no exame recebiam a preciosa caderneta de reservistas com muito orgulho dando-lhes um sentimento de futuros defensores do Brasil.

Após a instrução militar os alunos recebiam caderneta de reservistas. Acervo colégio Anchieta
Após a instrução militar os alunos recebiam caderneta de reservistas. Acervo colégio Anchieta

Autoridades militares de passagem por Nova Friburgo visitavam a miúde o colégio Anchieta. Em 1918 o padre reitor recebeu com extremo jubilo a honrosa visita do coronel Thomaz Pereira, comandante superior da Guarda Nacional do Estado do Rio de Janeiro, uma das altas patentes do Exército nacional. Conduzido ao salão nobre foi oferecido à sua comitiva refrescos e doces. Na ocasião o coronel percorria os municípios do Estado para organizar da 2° linha do Exército. Na comemoração do centenário de Nova Friburgo(1918) os alunos vestiram a farda branca e desfilaram pela cidade “de arma no ombro” até as margens do rio Bengalas, numa marcha triunfal ao rufar dos tambores e ao som das notas entusiásticas da canção do soldado. No Bengalas ocorria a festa veneziana, com passeio de pequenos barcos em um curto trajeto pelo rio.

Divisão dos médios erguem a bandeira nacional. Acervo colégio Anchieta
Divisão dos médios erguem a bandeira nacional. Acervo colégio Anchieta

Em 1919 assumiu como novo instrutor do colégio o tenente Arnold Marques Mancebo e depois o sargento Eduardo Loureiro. Em uma festa desportiva por ocasião do aniversário de um padre, o sargento Loureiro promoveu um torneio de barra militar entre as divisões dos médios e maiores. Quando o sargento Adhemar da Cruz Rangel assumiu utilizou como exercício militar a instrução francesa. A cada mudança de instrutor alterava-se o exercício escrevendo um aluno, “A rapaziada aqui está entusiasmada por toda espécie de exercícios. É ginástica sueca, são marchas, são corridas de resistência, etc….voltas ao redor do recreio, primeiramente em passo ordinário e no fim acelerado!”

No Aurora Colegial de 1914 um aluno escreveu: “Sabem de uma coisa? De uma novidade? Nós dos maiores somos todos recrutas. No dia 20 de junho o Revdo. Padre Reitor nos apresentou o muito digno oficial do Exército brasileiro, o 1° tenente Aristides Paes de Souza Brasil, enviado pelo Exmo. Sr. Ministro da Guerra para administrar neste estabelecimento o ensino militar. Além de ser instrutor é também professor de esgrima e desenho e de ginástica sueca. O nosso instrutor, numa bela preleção, nos demonstrou a necessidade do serviço militar e claramente nos fez cientes do programa que se propõe a realizar. O sr. dr. Tenente Aristides cativou logo a simpatia de todos os seus recrutas(…)já pela boa vontade que tem de nos transmitir a ciência das armas (…) os postos já estão em concurso! Um comandante, um major, três capitães, etc.” A motivação era imensa nos exercícios militares e lendo os artigos dos alunos tem-se a impressão de que, para além do patriotismo que demonstravam, parecia uma brincadeira de meninos.

Fonte: Periódico Aurora Colegial, acervo do colégio Anchieta de Nova Friburgo


Janaína Botelho – Serra News

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