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Banco Central eleva Selic a 14,25%, maior patamar desde o governo Dilma

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 14,25% ao ano. O aumento de 1 ponto percentual foi anunciado na quarta-feira (19/03) e representa o maior patamar da taxa desde agosto de 2016, quando também estava nesse nível. A decisão já era amplamente esperada pelo mercado, conforme indicado no boletim Focus, que reúne projeções de analistas financeiros.

Quinta alta consecutiva

Este é o quinto aumento consecutivo da Selic. A taxa, que estava em 10,5% até agosto do ano passado, passou por sucessivos ajustes: um aumento de 0,25 ponto em setembro, seguido por elevações de 0,5 ponto e três altas consecutivas de 1 ponto percentual, incluindo a decisão desta quarta-feira.

O Banco Central justificou a decisão como parte da estratégia para conter a inflação. O boletim Focus mais recente projeta uma inflação de 5,66% para 2025, acima da meta oficial de 3%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que permite uma margem de tolerância de até 4,5%.

Justificativa do Banco Central

Em comunicado oficial, o BC afirmou que a medida busca a convergência da inflação para a meta. O Copom destacou que o cenário externo ainda exige cautela e que a inflação doméstica continua acima dos níveis desejados.

“O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas do mercado”, informou o Banco Central.

O Copom também indicou que novos aumentos podem ocorrer nas próximas reuniões, mas em menor intensidade.

Impactos sobre a economia

O aumento da Selic tem efeitos diretos sobre o crédito, encarecendo financiamentos para empresas e consumidores. Setores produtivos, especialmente pequenas e médias empresas, enfrentam dificuldades para acessar capital de giro, o que pode afetar contratações e investimentos.

Para as famílias brasileiras, o impacto se reflete no endividamento. Com juros mais altos, financiamentos imobiliários, empréstimos bancários e crediários se tornam mais caros, reduzindo o poder de compra e impactando o consumo.

Além disso, o aperto monetário também pressiona as contas públicas. Com a elevação da Selic, os juros da dívida pública aumentam, reduzindo a capacidade do governo de investir em áreas estratégicas, como infraestrutura, saúde e educação.

Setor imobiliário em alerta

Outro setor impactado é o mercado imobiliário. O encarecimento dos financiamentos pode reduzir a demanda por imóveis, afetando diretamente a construção civil, um dos principais motores da economia e responsável por milhões de empregos. Um desaquecimento nesse setor pode gerar um efeito cascata, atingindo indústrias e serviços ligados à cadeia produtiva da habitação.

Perspectivas futuras

O Copom sinalizou que, apesar da possibilidade de novos aumentos, os ajustes devem ocorrer em menor magnitude. No entanto, o comportamento da economia global e a condução da política fiscal pelo governo serão fatores determinantes para as próximas decisões do Banco Central.

Com a taxa de juros no maior patamar desde o governo Dilma Rousseff, o BC reforça sua postura conservadora no combate à inflação, ainda que isso represente desafios adicionais para o crescimento econômico do país.

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