Em crise, Correios podem fechar 700 agências e demitir 10 mil funcionários
Foto: Fernando Frazão / Agência BrasilOs Correios enfrentam uma das maiores crises financeiras de sua história e estudam um plano de reestruturação que pode resultar no fechamento de até 700 agências e na demissão de 10 mil empregados em todo o Brasil. A estatal corre contra o tempo para obter um empréstimo emergencial de R$ 10 bilhões em até 15 dias, valor necessário para honrar compromissos imediatos.
O plano inicial previa captar R$ 20 bilhões, mas nenhuma instituição financeira demonstrou interesse. Agora, a empresa tenta viabilizar metade do montante, com uma exigência decisiva: garantia do Tesouro Nacional. Caso os Correios não consigam pagar a dívida, o Governo Federal terá que assumir a conta.
Os números refletem a gravidade do cenário. Após registrar lucro recorde de R$ 2,2 bilhões em 2021, a estatal passou a acumular prejuízos consecutivos. Só no primeiro semestre deste ano, o déficit foi de R$ 4,37 bilhões, segundo o balanço mais recente.
Para tentar reverter o quadro, os Correios discutem com o Tribunal de Contas da União (TCU) um pacote de medidas para reduzir despesas. Entre as ações estudadas estão:
Plano de demissão voluntária para cortar 10 mil dos atuais 86 mil empregados.
Fechamento de 700 agências entre as mais de 10 mil em funcionamento no país.
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Concorrência acirrada e perda de mercado
A crise também é reflexo da perda da exclusividade no setor de entregas. A entrada de grandes empresas privadas de logística e e-commerce reduziu significativamente a participação dos Correios no mercado, que hoje detêm apenas 50% das entregas de mercadorias.
Segundo o economista Renan Silva, a estatal tentou competir no transporte de cargas, mas não conseguiu atingir o mesmo nível de eficiência e agilidade das gigantes do comércio eletrônico, o que agravou ainda mais a situação financeira.





