Novo tratamento elimina câncer em pacientes com mutação rara, diz estudo

Uma nova abordagem de imunoterapia está revolucionando o tratamento de tumores sólidos com mutações genéticas raras. Um estudo publicado nesta semana no renomado New England Journal of Medicine revelou que 80% dos pacientes tratados com o anticorpo dostarlimabe ficaram livres de sinais da doença após seis meses de tratamento, sem necessidade de cirurgia.
A pesquisa foi conduzida pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos, e envolveu 117 pacientes com diferentes tipos de câncer em estágio inicial. Todos apresentavam a mutação conhecida como deficiência de reparo de mismatch (dMMR), que afeta a capacidade do organismo de corrigir erros genéticos, aumentando o risco de desenvolvimento de tumores.
Entre os tipos de câncer analisados, destacaram-se os casos de câncer retal, de cólon, fígado, bexiga, esôfago, estômago, próstata e útero. Dos 103 pacientes que concluíram o protocolo de tratamento, 84 não apresentaram vestígios detectáveis da doença. O resultado mais expressivo foi observado entre os 49 pacientes com câncer retal: todos tiveram resposta clínica completa, dispensando a realização de cirurgia. Desse grupo, 37 seguem sem sinais da doença há mais de um ano.
Na segunda fase do estudo, que avaliou 54 pacientes com tumores em outras localizações, 35 também apresentaram resposta completa, e 33 optaram por continuar apenas com acompanhamento clínico. Mesmo entre os que não atingiram a remissão total, foi observada redução significativa no tamanho dos tumores.
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O dostarlimabe é um anticorpo monoclonal que atua bloqueando a proteína PD-1, responsável por inibir a resposta imunológica contra células tumorais. Ao bloquear essa proteína, o medicamento permite que o sistema imunológico reconheça e destrua as células cancerígenas, especialmente eficaz em tumores com mutação dMMR, que produzem proteínas anormais mais facilmente identificáveis.
A taxa de sobrevida livre de recorrência após dois anos foi de 92%, com média de acompanhamento de 20 meses. Cerca de 5% dos pacientes apresentaram efeitos colaterais graves, com necessidade de cirurgia de emergência em casos isolados.
Os resultados reforçam o potencial da imunoterapia personalizada no tratamento de cânceres difíceis, oferecendo esperança para pacientes com mutações genéticas até então de difícil abordagem terapêutica.