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Vacina experimental contra HIV é segura e tem bons resultados em animais

Uma vacina experimental contra o HIV apresentou bons resultados em camundongos e primatas não-humanos, de acordo com estudo publicado no dia 9 de dezembro na revista Nature Medicine. O potencial imunizante utiliza a tecnologia de mRNA, assim como a vacina da Pfizer e da Moderna contra a Covid-19.

Liderados por cientistas do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, os ensaios revelaram que a vacina é segura e capaz de induzir anticorpos contra um patógeno semelhante ao que causa a aids. Ela transporta instruções relacionadas a duas proteínas do HIV (Env e Gag), que permitem que o corpo do animal produza partículas semelhantes a vírus (VLPs). O imunizante não oferece riscos de infecção por não conter o código genético completo do HIV, mas o tipo de resposta imune que gera seria suficiente para combater o vírus real.

Em camundongos, duas injeções da vacina estimularam a produção de anticorpos neutralizantes em todos os animais a partir de proteínas Env que se assemelhavam às do vírus inteiro. Os pesquisadores apontaram que essa foi uma novidade em relação a outras candidatas à proteção. “A exibição de várias cópias da proteína autêntica do envelope do HIV é uma das características especiais de nossa plataforma, que imita a infecção natural”, afirma Paolo Lusso, do Laboratório de Imunorregulação do NIAID, em comunicado.

Já em macacos-rhesus, a equipe aplicou uma dose primária seguida por doses de reforço de composição modificada ao longo de um ano. Foram utilizadas diferentes variantes de vírus para englobar e ativar anticorpos contra regiões mais conservadas da Env. Na semana 58, todos apresentavam níveis de células T auxiliares e de anticorpos neutralizantes direcionados à maioria das 12 cepas análogas ao HIV que foram incluídas no teste.

Com a exposição ao vírus da imunodeficiência símia-humana (SHIV) pela mucosa retal, dois dos sete animais imunizados permaneceram saudáveis. Os outros cinco demonstraram um retardo generalizado na infecção, que ocorreu, em média, após oito semanas. Já os macacos não imunizados foram infectados em cerca de três semanas depois. A partir dos dados, os cientistas calculam que o risco de infecção pelo SHIV foi 79% mais baixo entre aqueles que receberam a vacinação do que em animais não vacinados.

Os efeitos colaterais afetaram somente os macacos e foram brandos e temporários: alguns animais tiveram perda de apetite dentre outros eventos adversos leves.

Os pesquisadores pretendem seguir com estudos para confirmar a segurança e a proteção da candidata à vacina. “Agora estamos refinando nosso protocolo para melhorar a qualidade e a quantidade das partículas semelhantes a vírus produzidas”, explica Lusso. “Isso pode aumentar ainda mais a eficácia da vacina e, assim, diminuir o número de inoculações iniciais e de reforço necessárias para produzir uma resposta imune robusta”, acrescenta.

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