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É possível uma segunda onda de Covid-19 no Brasil, afirma infectologista

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Após a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar preocupação com o novo surto de coronavírus em Pequim, na China, e a cidade aumentar o nível de resposta a emergências, o chefe de epidemiologia do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, Wu Zunyou, declarou na quinta-feira (18) que a situação estava controlada.

A Alemanha passa também por uma nova onda de contágios pelo novo coronavírus e colocou 700 moradores de um prédio na cidade de Gottingen em quarentena após confirmar cerca de 100 casos de covid-19. Já a Nova Zelândia registrou seu 3º caso nesta semana depois de ter zerado as infecções pelo vírus.

Segunda onda é possível e real

O infectologista Carlos Fortaleza, do Departamento de Doenças Tropicais da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), explica que a segunda onda de contágio “é uma possibilidade em qualquer doença epidêmica transmissível” desde que a população não esteja imunizada contra ela, como é o caso da covid-19.

“Ela é real e a gente fala muito nela com base na segunda onda de gripe espanhola [outubro de 1918], que foi a mais mortífera”, afirma.

Aline Dayrell, professora-adjunta do departamento de medicina preventiva e social e coordenadora do curso de epidemiologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), concorda com Fortaleza.

“A covid-19 tende a durar porque, em princípio, todos estão suscetíveis à doença e para diminuir [os casos] deve haver imunidade de rebanho ou vacina”, explica.

Imunidade de rebanho é a proteção que se alcança quando a maior parte das pessoas já teve contato com o vírus e, por isso, se tornou imune a ele. Segundo Aline, é preciso que 70% da população fique imune para alcançar essa condição.

Mas a professora pondera que isso depende de um grande número de infectados, o que também representa um maior número de pessoas morrendo. “Essa ideia, inclusive, foi criticada pela OMS. Então, o que precisa nesse momento para evitar contágio é evitar aglomerações”, enfatiza.

Na terça-feira (18), o chefe do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, Carlos Carvalho, também admitiu a possibilidade de uma segunda onda da covid-19 em meio ao processo de abertura econômica do Estado.

Particularidades do Brasil

Fortaleza ressalta, no entanto, que o Brasil como um todo sequer superou a primera onda. Nesse contexto, é necessário discutir se a flexibilização da quarentena adotada por alguns Estados e municípios vai acelerar o número de casos.

De acordo com Aline, após a primeira onda de infecções, outras serão inevitáveis no Brasil diante da flexibilização das medidas de isolamento.

“É preciso ter ciência de que a dinâmica da epidemia no Brasil é diferente, dada a extensão territorial e a demografia do país. Outras ondas virão. Vai ter uma terceira e uma quarta e temos que nos preparar para isso”, ressalta.

Ela acrescenta que não é possível replicar aqui experiências vividas por outros países em relação à pandemia. “Há desigualdade social e questões como viabilidade para adotar medidas de prevenção, nível de instrução das pessoas. Existem diversos desafios”, pondera.

Os especialistas também afirmam que todo plano de flexibilização das medidas para conter o novo coronavírus devem ter a possibilidade de ser reverssíveis. “Caso contrário, esse plano está errado”, diz Fortaleza.

Medidas de controle e teste em massa

“Ao flexibilizar, novos casos vão surgir e vamos ter que recuar de novo, fazer isolamento intermitente”, reitera Aline. “É preciso aprender a conviver com o vírus e adotar medidas de controle”, completa.

A professora ressalta que essas medidas é que vão possibilitar uma melhor maneira de lidar com as ondas de contágio que estão por vir. A principal delas é a testagem em massa da população, que permite conhecer a dinâmica da epidemia em cada região e definir estratégias específicas para conter o vírus.

“A gente tem que levar em consideração que a dinâmica depende muito do perfil demográfico e social de cada região”, analisa. “A epidemia começou nas classes mais abastadas, mas agora ela atinge populações mais vulneráveis, o que torna a dinâmica no Brasil muito mais complexa”, completa.

Fonte: UOL

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