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Covid-19: Campos dos Goytacazes sofre um colapso no sistema de Saúde

Campos dos Goytacazes, no RJ, sofre um colapso no sistema da Saúde

Depois de Rio das Ostras, outra cidade da região decretou toque de recolher entre meia-noite e 5h por conta do aumento do número de casos de Covid-19. A edição suplementar do Diário Oficial de Campos desta sexta-feira trouxe uma série de restrições para conter a propagação da Covid-19. A cidade se aproxima dos 12 mil casos confirmados e 479 óbitos.

Uma visita técnica do Conselho Regional de Medicina (Cremerj) às unidades de saúde de Campos constatou o que o representante local do órgão, o médico Rogério Bicalho, classificou como “colapso do sistema de Saúde”. Luvas descartáveis reaproveitadas, falta de outros Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de medicamentos, como bloqueadores neuromusculares e anestésicos, são apenas alguns dos problemas encontrados nas unidades e denunciados ao Ministério Público e à Defensoria Pública.

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A visita técnica aconteceu no dia 30 de novembro, tanto no Hospital Ferreira Machado (HFM), quanto no Hospital Geral de Guarus, Hospital São José, em Goytacazes; Postos de Urgência (PU) da Saldanha Marinho e de Guarus, além do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCCC), que funciona na Sociedade Portuguesa de Beneficência; Santa Casa de Misericórdia, Hospital Plantadores de Cana e Álvaro Alvim.

“Nesses hospitais filantrópicos, por exemplo, constatamos falta de vaga para tratamento de Covid-19. No CCCC, 10 leitos de Centro de Tratamento Intensivo (CTI) para Covid foram fechados e os leitos de CTI do Hospital São José, na Baixada, foram desmobilizados com a redução dos casos, mas agora, com a chamada segunda onda do coronavírus, eles continuam indisponíveis, o que está gerando esse caos, por não ter havido uma programação por parte dos gestores. É fato que estão faltando leitos de UTI na cidade para pacientes com Covid-19”, lamentou o Dr. Rogério Bicalho, coordenador do Cremerj.

Relatos de uma médica

Por meio de postagem nas redes sociais, a médica Patrícia Meireles fez um relato emocionada sobre o dia difícil que ela vivenciou na última quarta-feira (02) no Centro de Controle do Coronavírus (CCC), em Campos (RJ), Norte Fluminense. Ela afirma que a unidade que funciona no prédio da Beneficência Portuguesa, na área central, está lotada de “pacientes graves”. A médica que é coordenadora do CCC destaca as dificuldades de locomover pacientes com o elevador quebrado.

Médica do Centro de Controle do Coronavírus - Campos-RJ

“É dia do falta tudo, dia de briga, dia de 162 atendimentos e 5 médicos atendendo no salão ao mesmo tempo, dia que mais atendemos em 12h, dia de falar novamente aonde e como manejaremos os corpos, como desocuparemos os leitos mais rápido para os que estão vivos possam ocupá-los”, diz um trecho da postagem. Os casos de Covid-19 explodiram em Campos nos últimos dias, que sofre um “colapso no sistema de Saúde”, assim como em todo o Estado do Rio de Janeiro.

A situação nas unidades é dramática. A médica do CCC relata que na Beneficência, “a sala vermelha, mesmo lotada, virou consultório”. “Agradeço a todos que encararam o dia de hoje com seriedade, parceria, eficácia e paciência que precisávamos para que tudo desse certo. Precisamos ser ouvidos. Não somos invisíveis! Somos profissionais trabalhando exaustivamente”, diz a médica.

Prefeitura de Campos

O atual prefeito de Campos dos Goytacazes, Rafael Diniz (PPS), gravou um vídeo que foi publicado na página oficial da Prefeitura nesta sexta-feira (04). “Diante do aumento da demanda em função dos casos de coronavírus, a Prefeitura de Campos está intensificando a reposição diária de insumos e medicamentos nas unidades de Saúde, em especial no HFM, HGG E CCC. Também foram ampliadas medidas restritivas, com objetivo de preservar vidas e evitar medidas mais duras. Por fim, o governo já está com tudo pronto para a transição” – diz a nota da Prefeitura de Campos. (Veja o vídeo)

Transição

O prefeito eleito em Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho (PSD) e o vice-prefeito eleito Frederico Paes (MDB), que coordena a equipe de transição na Saúde, receberam nesta sexta-feira (04/12) os gestores da Santa Casa, Beneficência Portuguesa, Álvaro Alvim e Plantadores de Cana.

Frederico solicitou aos gestores para que, antes da posse, apresentem um levantamento das dívidas que serão herdadas pelo próximo governo. “A ideia é criarmos um cronograma de pagamento destas dúvidas de forma parcelada e manter o pagamento aos hospitais em dia durante o nosso governo”, disse.

Wladimir relatou que nos anos de 2019 e 2020 foram gastos em Saúde mais de R$ 1,8 bilhão. “E hoje o que vemos é uma Saúde destruída, com postos fechados em plena pandemia, os hospitais filantrópicos sem receber a complementação há mais de um ano. Vamos sempre buscar um bom entendimento, através de diálogo, com os gestores desses hospitais pois entendemos que são estas unidades que possuem a resolutividade dos casos que precisamos regular de forma eficiente”, ressaltou.

Novas medidas

A edição suplementar do Diário Oficial de Campos desta sexta-feira trouxe uma série de restrições para conter a propagação da Covid-19. Além do toque de recolher, está proibido a realização de todo o tipo de evento, comercialização de bebida alcoólica após 23h, utilização de música como entretenimento de forma mecânica com DJ ou similar ou ainda música ao vivo, em bares, restaurantes ou similares.

Também foi proibido o serviço em balcões, a pessoas em pé, em calçadas ou similares, em bares, restaurantes e similares; utilização de mesas e cadeiras, bem como permanência de clientes nas calçadas, inerentes a bares, restaurantes e similares; além de redução de 50% da capacidade de lotação do transporte coletivo. As medidas valem a partir deste sábado (5) até as 23h59 do dia 13 de dezembro.
Por Iago Guimarães / Serra News
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